Hoje é o nosso último dia em Luanda e começamos indo ao mercado da escravatura para comprar "camisolas" de times locais.
O mercado é um espaço de artesanato local e mais algumas coisas, dentre elas as tais camisas.
Por aqui é o homem que faz esculturas, pinturas e bijuterias.
Por falar em homem, toda sexta-feira é o Dia do Homem, o que significa que os sortudos podem fazer o que bem entender, inclusive sair mais cedo do trabalho e ir pra farra, sem que suas mulheres encham o saco. É o dia deles e ponto final.
Antes que perguntem, as mulheres não têm dia. Para as que já são mães, tem o mês de março em sua homenagem, mas nada que modifique as suas rotinas.
Fico sempre um pouco na dúvida sobre qual o olhar é o mais impactante, o primeiro que corresponde à descoberta ou o último, o da despedida.
Ao mesmo tempo que estou muito, mas muito mesmo, feliz de voltar para o meu mundo, queria um pouquinho mais disso aqui.
Segunda volto pra minha rotina e sei que Luanda estará, pelo menos por um bom tempo, do mesmo jeito: a cor laranja do barro, zilhões de antenas parabólicas adornando os peculiares prédios, o cinza das periferias, o sorriso e a miséria convivendo lado a lado, o céu inexplicável.
Tenho certeza que ao chegar irão me perguntar: e aí como é Luanda? E eu não sei responder. Parece louco, mas eu não sei responder. Minha vontade é dizer vá pra lá, teste os seus limites, a sua sensibilidade, a tolerância à frustração e às diferenças. Lance a câmera fotográfica na ânsia de captar absolutamente tudo e depois se olhe no espelho. Eu juro, não é a mesma coisa que fotografar o Museu de História Natural.
Luanda é pra ser digerida aos poucos, um lugar para ser revisitado várias vezes internamente e descobrir devagar as transformações que ela provoca.
Mas de uma coisa tenho certeza, vou sentir saudade de perguntar onde está o Osvaldo?
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